domingo, 4 de novembro de 2012

ESPÍRITO E MATÉRIA


ESPÍRITO E MATÉRIA
Estudo com base in O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Cap. II, ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO
Livro primeiro, qq. 21 à 28.
Obra codificada por Allan Kardec

Pesquisa: Elio Mollo


Se a matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por Ele em dado momento, só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão deve indicar: é que Deus, modelo de amor e caridade nunca esteve inativo. Por mais distante que logremos imaginar o início de Sua ação, não conseguiremos concebê-Lo ocioso, um momento que seja.

Define-se geralmente a matéria como sendo - o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável, ou ainda, matéria é tudo o que tem massa e ocupa um lugar no espaço, ou seja, possui volume, ex.: madeira, ferro, água, areia, ar, etc. Do nosso ponto de vista, como encarnado, estas definições são exatas, porque só podemos falar do que conhecemos. Mas a matéria existe em estados que ignoramos. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão nos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para os espíritos, porém, não o seria. A definição que podemos dar da matéria é de que ela é o laço (1) que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação. Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito.

O espírito (alma) é o princípio inteligente do Universo (2).

Não é fácil analisar a natureza íntima do espírito, com a nossa linguagem, por não ser palpável, entretanto, para os Espíritos desencarnados é alguma coisa. É útil frisar que coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.

A inteligência é um atributo essencial do espírito, porém, ambos se confundem num princípio comum, de sorte que, para nós, parecem que são a mesma coisa.

O espírito e a matéria  são distintos um do outro, mas, a união de ambos é necessária para o espírito intelectualizar a matéria.

Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito,  (Aqui deve-se entender por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam.) porque não temos uma organização apta a perceber o espírito sem a matéria, ou seja, nossos sentidos não são apropriados para perceber o espírito.

Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito pelo pensamento.

Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material tem que se juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conhecemos uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá. Esse fluido é suscetível de inúmeras combinações. O que chamamos fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que podemos considerar independente.

Um fato patente domina todas as hipóteses: vemos matéria destituída de inteligência e vemos um princípio inteligente que independe da matéria. A origem e a conexão destas duas coisas nos são desconhecidas. Se promanam ou não de uma só fonte; se há pontos de contato entre ambas; se a inteligência tem existência própria, ou se é uma propriedade, um efeito; se é mesmo, conforme à opinião de alguns, uma emanação da Divindade, ignoramos. Elas se nos mostram como sendo distintas; daí o considerarmo-las formando os dois princípios constitutivos do Universo. Vemos acima de tudo isso uma inteligência que domina todas as outras, que as governa, que se distingue delas por atributos essenciais. A essa inteligência suprema é que chamamos Deus.

* * *

(1) Conforme as respostas à questão 135 de O Livro dos Espíritos existe no homem um liame que une a alma e o corpo, a natureza desse liame é semimaterial, ou seja, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso é necessário para que eles possam comunicar-se. É por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa. O homem é assim formado de três partes essenciais:
     1°.) O corpo ou ser material, semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
     2°.) A alma, Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;
     3°.) O perispírito, princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

(2) ESPÍRITO ELEMENTAR - Espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu perispírito ou invólucro material.

O que é o Espiritismo
Cap. II, item 9, 10 e 14 - (obra codificada por Allan Kardec).

9. Quando a alma está ligada ao corpo, durante a vida, tem duplo envoltório: um pesado e grosseiro e perecível, que é o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.

10. Existem, portanto, no homem, três elementos essenciais:

1º . A alma ou espírito, princípio inteligente onde residem o pensamento, a vontade e o senso moral;
2º . O corpo, envoltório material que põe o Espírito em relação com o mundo exterior;
3º. O perispírito, invólucro fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o Corpo.”

14. A união da alma, do perispírito, e do corpo material constitui o homem. A alma e o perispírito separados do corpo constituem a ser a que chamamos Espírito.

 NOTA DE ALLAN KARDEC referindo-se aos itens acima citados:

- A alma é assim um ser simples;
- O Espírito um ser duplo, e 
- O homem um ser triplo.

Seria portanto mais exato reservara palavra alma para designar o princípio inteligente, e a palavra Espírito para o ser semimaterial formado desse princípio e do corpo fluídico. Mas como não se pode conceber o princípio inteligente sem ligação material, as palavras alma e Espírito são, no uso comum, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, da mesma forma que se diz que uma cidade é habitada por tantas almas, uma vila composta de tantas casas; porém, filosoficamente é essencial fazer-se a diferença.

Revista Espírita
(Jornal de Estudos Psicológicos publicado sob a direção de Allan Kardec),
Ano VII, maio de 1864, pág. 138 e 139 - EDICEL.

As palavras alma e espírito, posto que sinônimos e empregados indiferentemente, não exprimem exatamente a mesma idéia. A alma é, a bem dizer, o princípio inteligente, imperceptível e indefinido como o pensamento. No estado dos nossos conhecimentos, não podemos concebê-lo isolado da matéria de maneira absoluta. Posto que formado de matéria sutil, o perispírito, dele faz um ser limitado, definido e circunscrito a sua individualidade espiritual. De onde se pode formular esta proposição:

A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o HOMEM;
A alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado ESPÍRITO.

Nas manifestações espíritas não é, pois, a alma que se apresenta só; esta sempre revestida de seu envoltório fluídico; esse envoltório é o necessário intermediário, através do qual ela age sobre a matéria compacta. Nas aparições não é a alma que se vê, mas o perispírito; do mesmo modo que quando se vê um homem vê-se seu corpo, mas não o pensamento, a força, o princípio que o faz agir.

Em resumo,

- A alma é um ser simples, primitivo;
- O Espírito o ser duplo e
- O homem o ser triplo. 

Se se confundir o homem com roupas, teremos um ser quádruplo. Na circunstância de que se trata, o vocábulo espírito é o que melhor corresponde à coisa expressa. Pelo pensamento representa-se um Espírito, mas não se representa uma alma.

Conheça também os estudos indicados abaixo:


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